A alimentação e seu lugar na história: os tempos da memória gustativa.
Autor: Prof. Carlos Roberto Antunes dos Santos – UFPR
Publicado em: Revista da Academia Paranaense de Letras, n°51, 2005, pp.165/188.
O tema da alimentação, finalmente, começa a invadir a História impulsionando maior diálogo multi, inter e transdisciplinar, e fazendo com que as editoras invistam cada vez mais nessa área, transformando em best-sellers, até mesmo simples manuais de receitas culinárias. As pesquisas acadêmicas - muitas que redundaram em dissertações e teses de pós-graduação - que abrangem processos históricos com enfoques social, cultural, econômico, político, tecnológico, nutricional ou antropológico, e mesmo como monografias sobre determinados alimentos, buscam recuperar os tempos da memória gustativa, possibilitando as desejáveis articulações entre a História e outras disciplinas. Os sucessos editoriais nos domínios da História da Alimentação revelam duas grandes paixões do público consumidor: o gosto pela história e pela gastronomia.
A presente comunicação tem por objetivo dar notícias, informações sobre as tendências mais recentes da historiografia contemporânea a respeito da História da Alimentação, destacando algumas obras (dentre outras) consideradas de real importância, que possam constituir um inventário, um certo estado da arte pertinente ao tema, numa breve, e não exaustiva revisão da literatura. A maioria das obras aqui relacionadas, são classificadas cronologicamente em função do período de suas publicações no Brasil, e abarcam análises gerais, isto é, a história da comida e da alimentação pelo mundo desde os primórdios, a partir de distintos enfoques. As outras obras apresentadas constituem monografias sobre determinados alimentos, para vastos panoramas históricos.Tal revisão estará centrada em obras nacionais e estrangeiras, estas já traduzidas e publicadas no Brasil, o que revela o interesse editorial pelo assunto.
Na outra ponta, após a apresentação da revisão bibliográfica, daremos notícias sobre o projeto de pesquisa que estamos elaborando, que trata da preservação do patrimônio gustativo da sociedade curitibana, e o destaque de uma espécie de ONG de educação alimentar, denominada Slow-Food.
Há hoje uma obsessão pela história da mesa, fazendo com que a gastronomia saia da cozinha e passe a ser objeto de estudo com a devida atenção ao imaginário, ao simbólico, às representações e às diversas formas de sociabilidade ativa. Nesse sentido, a questão da alimentação deve se situar no centro das atenções dos historiadores e de reflexões sobre a evolução da sociedade, pois a História é a disciplina que oferece um suporte fundamental e projeta perspectivas.
As cozinhas locais, regionais, nacionais e internacionais são produtos da miscigenação cultural, fazendo com que as culinárias revelem vestígios das trocas culturais. Hoje os estudos sobre a comida e a alimentação invadem as ciências humanas, a partir da premissa que a formação do gosto alimentar não se dá, exclusivamente, pelo seu aspecto nutricional, biológico. O alimento constitui uma categoria histórica, pois os padrões de permanência e mudanças dos hábitos e práticas alimentares têm referências na própria dinâmica social. Os alimentos não são somente alimentos. Alimentar-se é um ato nutricional, comer é um ato social, pois constitui atitudes, ligadas aos usos, costumes, protocolos, condutas e situações. Nenhum alimento que entra em nossas bocas é neutro. A historicidade da sensibilidade gastronômica explica e é explicada pelas manifestações culturais e sociais, como espelho de uma época e que marcaram uma época. Nesse sentido, o que se come é tão importante quanto quando se come, onde se come, como se come e com quem se come. Enfim, este é lugar da alimentação na História.
A abrangência do tema da alimentação é tão ampla que na França o Ministério da Educação está criando, neste semestre, o Instituto do Gosto, da Gastronomia e da Arte à Mesa, enquanto que na Itália o movimento Slow-Food está criando a Universidade de Ciências Gastronômicas, destacando aí a História da Cozinha e da Gastronomia. Portanto, surgem na França e na Itália, ainda neste ano de 2004, universidades da Comida e da História da Alimentação.
Do exposto, constata-se que a História da Alimentação, que foi por muito tempo ignorada, principalmente pela historiografia brasileira, demonstra agora a sua vitalidade, pois diz muito sobre a educação, a civilidade e a cultura dos indivíduos.
Entretanto, durante muito tempo, a alimentação e as práticas culinárias constituíram-se em espaços privilegiados de estudos da Antropologia e dos antropólogos. As portas começaram a ser abertas para a historiografia com a divulgação de duas obras pioneiras: 1. “A Fisiologia do Gosto” de Brillat Savarin, escrita em 1825, que trata do homem e da comida, pois não se constitui num livro de culinária, mas sim de gastronomia; 2. O trabalho do botânico polonês Adam Maurizio intitulado “História da alimentação vegetal da pré-história aos nossos dias” publicado em Paris em 1932, onde o autor procurou estabelecer um elo entre a história dos vegetais e a história das civilizações. A tese de E. Labrousse sobre o movimento da produção e a curva de preços na França ao longo do século XVIII (com base nas mercuriales), foi pioneira no campo da História Econômica e Social, ao revelar a questão da penúria e da carestia dos preços do trigo e de outros cereais, crise esta que veio somar-se a outras crises de natureza política, social e institucional, cujo conjunto contribuiu para a eclosão da revolução francesa. Portanto, além das peripécias dos Estados Gerais na França, a baixa oferta de cereais e a conseqüente elevação dos preços do trigo foram reveladores da explosão revolucionária de 1789, que derrubou o Antigo Regime. Entretanto, foi com F. Braudel, herdeiro de Febvre e Bloch, através dos conceitos de cultura material, que a História da Alimentação ganha fisionomia definitiva no campo da pesquisa histórica. Inspirado nos textos de Lucien Febvre sobre a distribuição regional das gorduras e nos fundos de cozinha, Braudel, como o maior representante da 2ª. geração dos Annales, trabalhou o conceito de cultura material abrangendo os aspectos mais imediatos da sobrevivência humana: a comida, a habitação e o vestuário.
Em 1974, o lançamento de uma coletânea “Faire de l’histoire”, traduzida no Brasil como História: novos problemas, novas abordagens, novos objetos, trouxe à tona novos paradigmas da História. Na apresentação desta coletânea, seus organizadores Jacques Le Goff e Pierre Nora reivindicavam para a nova História “a coexistência de vários tipos de história igualmente válidos”, e defendiam o fatiamento da história, a micro história, em contraposição a uma história absoluta do passado. Historiadores como Jean Paul Aron e Jean Louis Flandrin deslocam o foco da história em migalhas para o comer e para aquele que come. Através destes novos paradigmas, os ensinamentos dos Annales, era para que a comida fosse levada a sério pelos historiadores.
Desta forma, a história do cotidiano e das mentalidades vai dar consistência aos estudos da sensibilidade alimentar, do gosto, da gastronomia. A partir do final dos anos 70, multiplicaram-se os estudos que se dedicaram às práticas alimentares dos indivíduos em contextos e períodos históricos diferentes. Em destaque a obra de Jean-François Revel “Um Banquete de Palavras”, traduzida e publicada no Brasil em 1996, onde o autor persegue as duas faces da gastronomia - a popular e a erudita - e revela que as grandes fontes da história da sensibilidade gastronômica são a literatura e a arte. Nesse sentido, para Revel, a cozinha é arte desde que se considere a representação dos sabores. A cozinha, para o autor, é o universo onde convivem intuição, sensibilidade, imaginação e criatividade, permitindo múltiplas dimensões e integrações. Mas, afirma, a cozinha é também um espaço de desaparecimentos, de perdas e destruições.
Ao buscar reconstituir a história da mentalidade e do gosto, Piero Camporesi, na obra “Hedonismo e Exotismo”, publicada no Brasil em 1996, localiza no Século das Luzes o rompimento com o modo tradicional de se alimentar e é neste período que se dá a descoberta da noite. Para o autor, o tabu da noite foi quebrado pelo iluminismo que passa a ser um tempo social, pois haverá o prazer de consumir o tempo por meio de conversas em torno de uma mesa de alimentos. Para Camporesi, acontece “a substituição do tempo da natureza pelo tempo da cultura” onde “nascia uma nova, uma terceira cozinha ao lado de duas antigas e clássicas, a nobre e a popular” triunfando “uma cozinha do olhar, dirigida aos espíritos mais leves e requintados”.
Destaque deve ser debitado ao texto “A História da Alimentação: balizas historiográficas” dos profs. Ulpiano T. Bezerra de Meneses e Henrique Carneiro, publicado em 1997, onde buscaram, a partir da noção de campo de referências, problemas e interações próprias da multi e da interdisciplinaridade, caracterizar o campo de estudo da História da Alimentação. Para os autores, o referido campo se encontra em processo de consolidação e o trabalho que apresentam traça este perfil, respaldado por uma interessante, exaustiva e rigorosa análise historiográfica, bem como a de um quadro mais diverso que expressa as disciplinas ligadas ao universo da alimentação. Contemporâneo ao trabalho acima, é o texto de minha autoria intitulado “Por uma História da Alimentação”, publicado em 1997, onde além de apontar algumas das possibilidades de pesquisa emanadas do tema da gastronomia, apresento a tese de que a formação do gosto alimentar não é, exclusivamente, determinado pelos valores nutricionais, biológicos. Concorrem aí também as mentalidades, os ritos, o valor das mensagens que se trocam quando se está diante da mesa e da comida, os valores éticos e religiosos, a transmissão inter e intra-geração, a psicologia individual e coletiva, e outros tantos fatores. Desta forma, o alimento constitui uma categoria histórica, pois os padrões de permanências e mudanças dos hábitos e práticas alimentares em ritmos diferenciados, têm referências na própria dinâmica social.
O estudo de grupos sociais e seus hábitos e práticas alimentares, práticas estas distantes ou recentes que podem vir a constituírem-se em tradições culinárias, fazem, muitas vezes, com que o indivíduo se considere inserido num contexto sócio-cultural, que lhe outorga uma identidade, reafirmada através da memória gustativa. Tais reflexões encontram guaridas explicativas na obra “A Invenção das Tradições”, organizada por E. Hobsbawm e E. Ranger com a 2ª. edição em português e publicada em 1997, que permite suporte teórico à questão das tradições culinárias.
No tocante ao tema da etiqueta e das boas maneiras à mesa, o livro de Margaret Visser “O Ritual do Jantar”, traduzido e publicado no Brasil no ano de 1998, constitui uma referência. Segundo a autora, o homem transforma o consumo do alimento, que é uma necessidade biológica, numa necessidade cultural, usando o ato de comer como um veículo para relacionamentos sociais. Daí percebe-se, instigado por Visser, a presença de uma série de mecanismos de diferenciação, integração e distinção social em relação às regras que envolvem o ato de alimentar-se. Ou seja, é necessário estar munido de conhecimentos a respeito de regras de boas maneiras à mesa para que assim seja garantida a inclusão.
O conhecimento da alimentação e da gastronomia no tocante à educação, à civilidade, à cultura e ao comportamento, é tratada na obra “De caçador a gourmet – uma história da gastronomia” de Ariovaldo Franco, publicada em 2001. O texto é dividido em fatias cronológicas, ainda que os processos sociais não sejam estanques ou limitados, com destaques às cozinhas nacionais e regionais, mas principalmente aquelas de referência.
A revelação da cozinha como um microcosmo da sociedade, com todo o significado simbólico na construção de regras e sistemas alimentares, impregnada de cultura é tratada na obra “Comida e Sociedade: uma história da alimentação” de Henrique Carneiro, publicada em 2003. No livro o autor, dentre outros, sugere aos historiadores direções no campo da História da Alimentação, segundo as perspectivas das ciências humanas, que possam revelar a estrutura da vida cotidiana a partir do universo da comida. Há, inclusive, um capítulo dedicado à historiografia da alimentação no Brasil.
Teses consagradas que atribuíram à revolução francesa o privilégio de constituir-se no estopim do crescimento dos restaurantes em Paris, e explicaram a arte culinária como uma das grandes conquistas da revolução, são contestadas pela inglesa Rebecca L. Spang no livro “A Invenção dos Restaurantes”, lançado no Brasil em novembro de 2003. Esta vertente da História da Alimentação, no tocante ao tema monográfico, no caso, sobre o restaurante, assume amplos horizontes no referente estudo. A autora defende a tese de que os restaurantes foram originários de pequenos estabelecimentos como “casas de saúde”, onde se vendia uma sopa restauradora (bouillon restaurant) para pessoas fracas ou debilitadas do peito. Nessas casas, o caldo revigorante era o restaurador das forças, o “restaurant”, que por extensão acabou dando nome a esses estabelecimentos.
Ainda no tocante aos temas monográficos da História da Alimentação, o trabalho de Heinrich E. Jacob sobre “Seis Mil Anos de Pão: a civilização humana através do seu principal alimento”, datado de 1944 e recentemente publicado no Brasil, conta como a história do pão se confunde com a própria trajetória da civilização ocidental: o trigo cultivado no Egito que produziu a padaria artística, a presença do pão entre os gregos considerados como os melhores padeiros da antiguidade e os romanos que fizeram dele um instrumento de suas políticas de conquistas e de manutenção da ordem no vasto Império. Considerando ainda a presença deste alimento entre os judeus e cristãos, o autor identifica no pão elementos simbólicos, de representação, de expressão religiosa e manifestação cultural. Através da história do pão, o autor busca detectar os fios de uma rede de sentidos múltiplos que demarcam, diferenciam e retiram do silêncio determinados processos históricos, como se procedessem de diversas escritas.
Um livro importante, que veio à luz em 2004, trata da “Comida: uma história” do historiador Felipe Fernández-Armesto, onde pretende demonstrar que a história da comida é tão cultural quanto a história da culinária. Lamentando a negligência da maioria das instituições acadêmicas com a história da comida e a diversidade de abordagens dos historiadores, que dificultam a sua síntese, o autor considera que a rapidez com que surgem novos materiais faz com que seja mais difícil a atualização satisfatória por meio de revisões periódicas. Adotando uma perspectiva global, Fernández-Armesto trata a comida como um tema da história mundial, a partir de oito grandes revoluções, desde a invenção da culinária, passando pelo significado do ato de comer, contemplando a utilização da vida vegetal como alimento, até a comida e a industrialização nos séculos XIX e XX, que combinadas parecem fornecer uma visão geral de toda a história da alimentação.
Ainda em termos de obras monográficas, mas com amplas dimensões, temos o livro de Mark Kurlansky intitulado “Sal: uma história do mundo”, publicado no Brasil em 2004. Para o autor, o sal está presente em quase todos os lugares e durante milênios foi sinônimo de riquezas: pelo sal criaram-se rotas comerciais, firmaram-se impérios, provocaram-se revoluções, sendo também um instrumento comum de comércio e câmbio. Como o sal está presente no nosso cotidiano, sua dimensão é universal e Kurlansky busca, ao estudar o sal, perseguir e explicar a história da humanidade. Assim como na história do pão, já referenciada acima, a história do sal é impregnada de simbolismo, de superstições, de tabus, de representações culturais, de símbolo metafórico de todas as religiões.
Uma obra geral de grande evidência e referência, constituindo uma publicação coletiva denominada “História da Alimentação”, sob a direção de Jean Louis Flandrin e Massimo Montanari, ofereceu um balanço das pesquisas que vinham sendo realizadas pelos historiadores sobre o tema, propondo caminhos e métodos de investigação. Seu aparecimento trouxe novos impulsos e estímulos aos estudos da História da Alimentação. Na base da obra está a preocupação com as estruturas do cotidiano, suas historicidades explicadas pela comida, e inseridas na longa duração Braudeliana.
O volume da produção historiográfica que trata da História da Alimentação no Brasil é ainda muito pobre, comparando com o ativo mercado editorial nos países europeus, cujos principais historiadores estão filiados ao IEHA (Instituto Europeu de História da Alimentação), onde participam também pesquisadores dos EUA, Canadá, México, Brasil, Austrália e Israel.
No Brasil o destaque provém da imensa obra de Luís da Câmara Cascudo, a mais completa no tema, onde se sobressai, em dois volumes, publicado em 1967, “A História da Alimentação no Brasil: cardápio indígena, dieta africana, ementa portuguesa, e cozinha brasileira”. Nesta obra, Câmara Cascudo, sociólogo e folclorista brasileiro, afirma “que todos os grupos humanos tem uma fisionomia alimentar. A fidelidade ao paladar, fixado através de séculos na continuidade alimentar é uma permanente tão arraigada que já pode ser biológica”. As dádivas sob a forma de comida sempre tiveram um papel importante nas sociedades tradicionais para estabelecer e/ou reforçar os laços de solidariedade no conjunto da comunidade. Para Câmara Cascudo, “em momentos rituais ou cerimoniais o alimento é um elemento fixador psicológico no plano emocional e comer certos pratos é ligar-se ao local ou a quem o preparou”. Há na obra, uma evidente tentativa de construção das especificidades regionais, a partir de fontes históricas e etnográficas, dentro de um quadro sociológico, cujo objetivo maior é de caracterizar a alimentação no Brasil colonial, a partir dos alimentos nativos.
Dentre as obras de Gilberto Freyre, podemos destacar o “Açúcar”, de 1939, onde oferece grande contribuição para o entendimento da identidade nacional a partir da civilização do açúcar no Brasil – a sacarocracia- cujo tema passa pela História, Sociologia, Antropologia e pela Economia, marcando decisivamente as práticas e hábitos alimentares no Brasil. O saber culinário em formas de receitas, transmitido de mãe para filha, muitas vezes encerrando segredos culinários, constitui para Freyre uma espécie de “maçonaria das mulheres”.
Entendendo que a comida desperta lembranças que permitem reconstruir a memória, o que possibilita redefinir e reconstruir identidades, temos o importante texto de Roberto Da Matta “Sobre o simbolismo da comida no Brasil”, publicado em 1987. Da Matta afirma que “a comida tem o papel de destacar identidades e, conforme o contexto das refeições elas podem ser nacionais, regionais, locais, familiares ou pessoais”.
A obra “A História da Alimentação no Paraná”, de minha autoria e publicada em 1995, trata do estudo de uma sociedade rural e de suas estruturas agrárias, caracterizando também o universo dos produtos de subsistência, produção e abastecimento. É um trabalho em que a partir da História Econômica, se busca entender o cotidiano da alimentação e dos elementos que concorrem para a formação do gosto alimentar, considerando os contextos históricos.
Destacando os pratos e as receitas mais populares e importantes de cada região, o livro “Cozinha Brasileira (com recheio de história)” de autoria do historiador Ivan Alves Filho e de um mestre em culinária, Roberto Di Giovanni, publicado em 2000, trata de dar historicidade às cozinhas locais e regionais: para cada prato, um história. Os autores buscam explicar os prazeres da mesa estabelecendo, de forma ousada, “uma espécie de reverso da medalha da colonização (não mais a Europa no Brasil, mas o Brasil se reencontrando com seu passado e influenciando a própria trajetória européia)”.
A produção historiográfica do grupo de pesquisa em História da Alimentação, inserido na linha de pesquisa Cultura e Poder, vinculado aos cursos de graduação e pós-graduação em História da UFPR deve ser considerada. O grupo, sob a minha coordenação, produziu, em seis anos, cinco teses de doutorado e seis dissertações de mestrado, algumas já publicadas, e tem mais duas defesas de teses de doutorado agendadas para o final de 2004. Tal acervo guarda estudos e projetos sobre: Vida material, Vida econômica; A Arca do sabor: a preservação do patrimônio gustativo da sociedade curitibana; Hábitos alimentares e Cadernos de Receitas: comensalidade e transmissão; os bares e restaurantes de Curitiba como espaços de sociabilidade ativa; a Padaria América e o pão das gerações curitibanas; a formação do padrão alimentar em Curitiba; a arte de receber:distinção e poder à boa mesa; do cru ao assado: a festa do boi assado no rolete de Marechal Cândido Rondon ( a invenção das tradições); do gosto e do afeto: comida de imigrantes em Curitiba; do privado ao público: o universo do Restaurante Bolonha; O Brasil à Mesa: história, literatura e sensibilidade gastronômica; Alimentação e Saúde em Curitiba: o desequilíbrio dietético e a obesidade infantil; Terra, Cultura e Poder: a trajetória do Visconde de Guarapuava; Saúde, Felicidade e Leite: hábitos e práticas alimentares infantis no Brasil; das casas de pasto aos restaurantes em Curitiba; tradições culinárias de imigrantes/descendentes de alemães em Curitiba: memória e identidade; a transição histórica da cozinha clássica para a “nouvelle cuisine”; Festas Gastronômicas como espaços turísticos/culturais (a tradição inventada); Bar Palácio: gastronomia, intelectualidade e boemia em Curitiba; a História do Mercado Municipal, e outros.
Ainda em termos de produção brasileira, cumpre destacar o n° 33 da Revista “Estudos Históricos” da Fundação Getúlio Vargas, publicado no 1° semestre de 2004, sendo que este volume é dedicado à alimentação, com temas como: Culinária de Papel; Uma cozinha à brasileira; A fome e o paladar: a antropologia nativa de Luís da Câmara Cascudo; Cachaça,vinho e cerveja: da Colônia ao Século XX; Cozinhar e comer, em casa e na rua: culinária e gastronomia na Corte do Império do Brasil; Imigrantes, criollos e a alimentação porteña: Buenos Ayres, final do século XIX e início do século XX; restaurantes de comida rápida, os fast-foods, em praças de alimentação de shopping centers: transformações no comer; Comer como atividade de lazer. Tais textos se enquadram nos estudos, que tem a alimentação no Brasil como objeto histórico.
O campo da História da Alimentação é extremamente rico de possibilidades temáticas que se oferecem ao historiador da cultura e a outros profissionais, como aqueles da área da Nutrição, quando contempla a culinária, a alimentação e seus rituais de comensalidade, bem como as práticas alimentares.
Do exposto, a História da Alimentação, ocupando o seu lugar na História, busca estudar as preferências alimentares, a significação simbólica dos alimentos, as proibições dietéticas e religiosas, os hábitos culinários, a etiqueta e o comportamento à mesa, e, de maneira geral, as relações que a alimentação mantém em cada sociedade, com os mitos, a cultura e as estruturas sociais, ao sabor dos processos históricos.
Na cozinha prevalece a arte de elaborar os alimentos e de lhes dar sabor e sentido. Há na cozinha a intimidade familiar, os investimentos afetivos, simbólicos, estéticos e econômicos. Na cozinha despontam as relações de gênero, de geração, a distribuição das atividades, que traduzem uma relação de mundo, um espaço rico em relações sociais, fazendo com que a mesa se constitua, efetivamente, num ritual de comensalidade. A cozinha é, portanto, um espelho da sociedade, um microcosmo da sociedade, é a imagem da sociedade. Em vez de falar em cozinha, é melhor falar em cozinhas, no plural, porque elas mudam, se transformam graças às influências e os intercâmbios entre as populações, graças aos novos produtos e alimentos, graças às circulações de mercadorias.
No Brasil, embora menos divulgada, como já foi acentuado, a História da Alimentação tem encontrado cada vez mais adeptos entre os historiadores, engajados nas novas e fecundas vias da interdisciplinaridade, onde inéditos campos se abrem a todas as dimensões cronológicas.
O presente projeto de pesquisa parte da constatação das transformações trazidas pela urbanização e pela globalização, onde a alimentação passou e continua passando por mudanças que afetam a qualidade dos alimentos produzidos e industrializados. Nesse sentido, sintetizar tais transformações é importante para contextualizar o presente projeto que objetiva preservar a memória gustativa da sociedade curitibana.
Desta forma, sendo um microcosmo da sociedade, a cozinha abrange desde a produção de pratos tradicionais, conforme a produção literária já elencada anteriormente, passando pela nouvelle cuisine e chegando à cozinha compartimentada, característica do Fast-Food, dos McDonald da vida. Esta cozinha dos Fast-Food, do McDonald, é filha das mudanças imprimidas desde a metade do século passado até os dias de hoje. Vivemos hoje a McDonalisação do mundo, onde prevalece um gosto pasteurizado e homogêneo, sem graça. Diante das transformações impressas pela urbanização e pela globalização, a alimentação passou e continua passando por mudanças que afetam a qualidade dos alimentos produzidos e industrializados. Na verdade, um novo estilo de vida impõe novas expectativas de consumo, que acabam orientando as escolhas de alimentos. Para Hobsbawm, na obra “A Era dos Extremos”, nesta transição de final e início de milênio há o triunfo do indivíduo sobre a sociedade, ou melhor, o rompimento dos fios que antes ligavam os seres humanos em texturas sócias. É o estilo jovem de vida que triunfa, estilo este que passou a ser marca mundial, isto é, a juventude, praticamente deixa de ser uma etapa da vida, mas se constitui como um estilo de vida. O jeans, o rock, o hambúrguer, a coca cola são expressões simbólicas desta nova cultura. Os adolescentes ganharam maior autonomia e isto é vislumbrado pela indústria que vê aí um mercado promissor. Daí as mudanças dos padrões, que parecem menos satisfatórias ao paladar e ao aporte nutritivo, como eram anteriormente.
Desta forma, a pós-modernização embalada pela globalização, tem imposto novas formas de consumo alimentar, tem afetado o nosso paladar e os aportes nutritivos, trazendo novos padrões alimentares, novos costumes, hábitos e práticas alimentares. É a civilização McDonald’s que se impõe. O Fast-Food é o principal fenômeno de consumo do mundo globalizado, é o ícone da globalização, sendo que o sanduíche de hambúrguer, a pizza, a batata frita e os refrigerantes (coca-cola) ganham a preferência, principalmente entre os jovens, quando o mais importante é a praticidade e a rapidez. Não esquecer de colocar aí as crianças, que são grandes consumidoras do McDonald’s. Hoje os alimentos são comprados quase prontos para o consumo, daí a grande procura por fornos micro-ondas, congelados, pré-cozidos, pré-temperados e alimentos com empacotamento a vácuo. Estas praticidade e rapidez impostas pela sociedade contemporânea acaba derrubando as convenções ditas pela sociedade, construídas historicamente e pautadas pela tradição e pelos costumes. As refeições feitas em conjunto, em casa, com horário determinado e um cardápio planejado estão se tornando cada vez mais raras. A sociedade de consumo em massa faz com que se desestruturem os sistemas normativos e os controles sociais que regiam tradicionalmente as práticas e as representações alimentares. Estas novas preferências alimentares, isto é, o hambúrguer, a pizza, a batata frita e a coca cola, fazem com que haja a ascensão e a queda de alimentos. Hoje, no imaginário de muitos jovens, estar num McDonald’s é se sentir no centro do mundo. Entretanto, as pesquisas mostram a maior tendência à obesidade entre a população infantil. A propósito, devem ser consideradas duas obras importantes, dentre outras: 1. “Les Fils de McDo: la Mcdonalisation du Monde“ de Paul Ariès, onde o autor demonstra que o McDonald’s constitui um verdadeiro feito sociedade, e não um fenômeno de moda ou de geração. Daí a tese de Ariès sobre a McDonalisação do mundo que, segundo ele, é extremamente preocupante porque ela cria um cosmopolitismo alimentar que se entende como universal. O autor chega a analisar a McDonalisação do pensamento, do discurso, do corpo, da família, da mulher, da mãe e da criança; 2. “País Fast-Food” de Eric Schlosser, onde o autor busca explicar o que está por trás de um hambúrguer com fritas do McDonald’s. Na obra, Schlosser conta a história da empresa, sendo que seu fundador, Ray Kroc, era um entusiasta do fordismo e introduziu em seu primeiro MacDonald’s uma linha de montagem e uma rigorosa divisão de trabalho. O autor esmiúça os procedimentos nem sempre edificantes utilizados por esta indústria para atingir o máximo de eficiência e rentabilidade (ver filme Super Size me ou a Dieta do Palhaço).
No Brasil, os estudos e pesquisas têm demonstrado que, em função do fast-food, um novo padrão alimentar está se delineando, com prejuízos dos produtos da dieta tradicional do povo. O arroz, o feijão, a farinha de mandioca, que foram, desde o século XVIII, a base do cardápio da maioria da população, perdem cada vez mais espaço para os produtos industrializados e com maior valor agregado. E logo vamos ter os alimentos transgênicos nesta competição. Pelos dados que temos, nos últimos 10 anos o consumo anual de feijão caiu de 12 kg por brasileiro para 9,5 kg. A farinha passou a ocupar o 38° lugar no mercado alimentar. Em alguns estados se planta cada vez menos feijão. E isto tudo é muito ruim, principalmente para a população pobre.
O foco da nossa pesquisa atual na UFPR está centrado na questão da preservação do patrimônio gustativo da sociedade curitibana, onde as pesquisas apontam para as mesmas tendências acima apresentadas, no tocante ao consumo de alimentos básicos. Os produtos originais e de qualidade estão em marcha lenta, diante da invasão dos produtos estandartizados e banalizados, propostos pela indústria agro-alimentar, a partir de um enorme sistema de marketing. Com o tempo, se tudo continuar assim, a oferta dos produtos mais tradicionais, originais e de qualidade, de gosto, vai diminuir sensivelmente. O período analisado começa na conjuntura dos anos sessenta em Curitiba, quando o processo de industrialização ainda é um pouco incipiente (ele se avolumará a partir dos anos 70), sendo que neste período são instalados os primeiros fast-food. A partir dos anos 70 com o novo Plano Diretor de Curitiba e uma nova configuração do espaço territorial urbano, se intensifica o processo de industrialização - promovido com base nas condições institucionais de intervenção do estado brasileiro-, aumenta a oferta de empregos e outras transformações, fazendo surgir a Curitiba funcional, a Curitiba laboratório. Diante deste quadro e a partir daí - inclusive com a instalação dos super-mercados-, parte-se do pressuposto que a alimentação começa a tornar-se um mercado de consumo em massa em Curitiba, distanciando-se cada vez mais do universo doméstico. Nesse sentido, diante das transformações dos controles sociais que pesaram e pesam sobre a alimentação, comer fora de casa se transformou em uma mercadoria cujas preferências das pessoas deixam de ser espontâneas, mas sim geradas, também, por uma lógica econômica, o que implica numa mudança de comportamento, especialmente o alimentar. O balizamento final é o tempo presente (o tempo presente também é domínio do historiador) agora com as reações, provenientes, dentre outras, da formatação de uma nova estética do corpo, tudo em nome da boa saúde.
A proposta de elaborar a presente pesquisa sobre uma Arca do Sabor, no sentido de preservar o patrimônio gustativo da sociedade curitibana se inscreve, mais do que nunca, na conjuntura, ou estrutura de domínio do Fast-Food. Esta pesquisa acadêmica se insere numa pesquisa maior, organizada pelo movimento denominado Slow-Food, de resistência ao Fast-Food. (o Slow-Food é a comida devagar, tranqüila, contra o Fast-Food, que é a comida rápida). O Slow-Food é um movimento que começou na Itália em 1996 com a presença de mais de 10 países e se espalhou pela Europa e para uma grande parte do mundo. Na América Latina, a Argentina tem forte representação. No Brasil este movimento, práticamente, não existe.
O Slow-Food é, portanto, um movimento internacional pela educação do gosto e pela biodiversidade alimentar. Ele reúne consumidores, produtores, jornalistas, representantes dos poderes públicos, diversas universidades e institutos de pesquisa, historiadores, que produzem trabalhos científicos que possam embasar a defesa da boa comida, dos produtos originais, e de qualidade. Esse também é um compromisso da presente pesquisa. No presente trabalho, que visa preservar o patrimônio gustativo da sociedade curitibana, os pratos, produtos e receitas que irão para a arca do sabor curitibano devem estar ligados a uma memória histórica e com identidade. Portanto devem estar ligados ecologicamente, sócio-economicamente e historicamente a uma região precisa. Ao dizer que estes produtos devem ter história e tradição, é porque foram de grande aceitação, marcaram uma época, e hoje correm riscos reais ou potenciais de desaparecerem. Dentre outros objetivos desta pesquisa, há também um objetivo prático: estimular a educação ao bom gosto e reforçar o direito ao prazer proporcionado pela boa comida.
Do exposto, é importante destacar algumas questões para serem respondidas ao longo da pesquisa: quais produtos, pratos e receitas poderiam entrar na arca do sabor, para serem salvaguardados, promovidos e valorizados? A partir de quais critérios esses pratos e produtos seriam escolhidos? Como preservar a comida da alma? Comprometido com uma consistência teórico/metodológica (ver nas últimas páginas), o importante é ir às fontes, fazer entrevistas, identificar produtos. Algumas fontes podem, já, serem relacionadas: fontes de imprensa para o conhecimento da intensidade da divulgação dos pratos da cozinha compartimentada ao longo do período analisado, pois as preferências alimentares estão cada vez mais influenciadas pela publicidade; o acervo da junta comercial e da Associação Comercial, no tocante aos supermercados e a padronização das compras; Os livros de receitas ou de cozinha de famílias curitibanas; Os menus e cardápios de alguns restaurantes e bares da cidade; o acervo da Secretaria Municipal de Abastecimento, no tocante as feiras livres de Curitiba e ao Mercado Municipal; e as entrevistas (história oral) com agentes históricos importantes como os proprietários de restaurantes, chefes de cozinha, cozinheiros e cozinheiras, etc.
Do exposto, é fundamental criar a Arca do Sabor, e poder divulgá-la, pois deve representar um universo da memória gustativa. O presente projeto concorre a um financiamento do Ministério da Ciência e Tecnologia, dentro de um novo programa ministerial intitulado “Memórias Alimentares”. É importante destacar que o presente projeto deve se desdobrar em projetos mais específicos, como monografias de graduação, e dissertações de Mestrado e teses de Doutorado.
Bibliografia
ACKERMAN, Diane. Uma história natural dos sentidos. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1996.
ALIMENTAÇÃO- ESTUDOS HISTÓRICOS. S. Paulo, n° 33, Fundação Getulio Vargas, 2004.
ALLENDE, I. Afrodite – contos, receitas e outros afrodisíacos. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998.
ALVES FILHO, Ivan & GIOVANNI, Roberto di. Cozinha Brasileira com Recheio de História. Rio de janeiro: REVAN, 2000.
ANDREAZZA, M. L.& NADALIN, S. O. Imigração e sociedade. UFPR, departamento de História. Curitiba, 1993.
ARIÈS, Paul. Les fils de McDo: La McDonalisation du Monde. Paris: L’Harmattan, 1997.
ARON, J.P. A cozinha: um cardápio do séc. XIX. In LE GOFF, Jaques & NORA, Pierre, eds. História. Novos objetos. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1974.
ARMESTO, FELIPE F. Comida: uma História. Rio de Janeiro:Record, 2004.
AVÉ-LALLEMANT, R. 1858, Viagem pelo Paraná/ Robert Avé-Lallemant. Curitiba: Fundação Cultural, 1995.
BARROS, M. M. L. de. Memória e família. In: ESTUDOS HISTÓRICOS. Rio de Janeiro, vol. 2, n.3. 1989, p.29-42.
BOURDAIN, A. Cozinha Confidencial: uma aventura nas entranhas da culinária. S. Paulo, Cia. das Letras, 2001.
Em Busca do Prato Perfeito. S. Paulo, Cia. das Letras, 2003.
BITENCOURT, Celia Cristina. Do gosto e do afeto: comida de imigrante – Curitiba 1900-1920. Curitiba, 2000. Dissertação (mestrado em História) – Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal do Paraná.
BOLETIM INFORMATIVO DA CASA ROMÁRIO MARTINS. O cotidiano de Curitiba durante a II Guerra Mundial. Curitiba: Fundação Cultural de CuritibaVol. 22, n. 107, outubro, 1995,
BONIN, A. A.; ROLIM, M. do C. “Hábitos alimentares: tradição e inovação. In: BOLETIM DE ANTROPOLOGIA. Curitiba, v. 4, n. 1, p. 75-90, junho de 1991.
BOSI, A. Cultura como tradição. In: ________. (org.). Cultura brasileira: tradição/contradição. Rio de Janeiro: Zahar, 1987, p. 31-58.
BOSI, E. Memória e sociedade: lembrança de velhos. 2. ed. São Paulo: T.A. Queiroz: Editora da Universidade de São Paulo, 1987.
BRILLAT – SAVARIN. A fisiologia do gosto. São Paulo: Cia das Letras, 1995.
BORNHEIM, G. A. O conceito de tradição. In: BOSI, A. (org). Cultura brasileira: tradição/ contradição. Rio de Janeiro: Zahar, 1987, p. 13-29.
BRAUDEL, F. La Mediterranée et le Monde Mediterranéen a l’époque de Phillippe II.
Paris: Armand Colin, 1966.
Civilização Material e Capitalismo. Lisboa: Cosmos, 1970.
Bebidas y Excitantes. Madrid: Alianza Editorial, 1994.
CARNEIRO, H. Comida e Sociedade: Uma História da Alimentação. Rio de Janeiro: Campus, 2003.
CAMPORESI, P. Hedonismo e Exotismo: a arte de viver na época das luzes. São Paulo: Editora da Universidade Estadual Paulista, 1996.
COLLET, Emmanuel. Chocolat: de la Boisson Elitaire au Baton Populaire- XVIème-XXème siecle. Bruxelas: CGER, 1996.
CANDIDO, A. Os parceiros do Rio Bonito – estudo sobre o caipira paulista e a transformação dos seus meios de vida. 4. Ed. São Paulo: Editora Duas Cidades, 1977.
CARNEIRO, Henrique. Comida e Sociedade: uma história da alimentação.Rio de Janeiro: Campus, 2003.
CASCUDO, L. da C. História da Alimentação no Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia, 1983.
CHAUI, Laura & CHAUI, MARILENA S. Professoras na Cozinha. São Paulo, Editora SENAC, 2001.
CIPOLLA, Joe. A Cozinha da Máfia. São Paulo, Ática, 1996.
CUCHE, D. A noção de cultura nas Ciências Sociais. Bauru: EDUSC, 1999, p. 179-180.
DA MATTA, R. Sobre o simbolismo da comida no Brasil. In: O CORREIO, Rio de Janeiro, v. 15, n° 7, jul. 1987, p. 22.
DEMETERCO, S. M. da S. Doces lembranças: cadernos de receitas e comensalidade. Curitiba 1900-1950. Curitiba, 1998. Dissertação (mestrado em História) – Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal do Paraná.
Sabor e saber: Livros de cozinha e hábitos alimentares. Curitiba – 1902-1950. Tese (doutorado em História), Universidade Federal do Paraná, 2003.
DUCROT, Victor E. Los Sabores de la Patria. Buenos Aires: Editorial Norma, 1998.
FERREIRA, M. de M.; AMADO, J. (Org.). Usos & abusos da história oral. Rio de Janeiro : Editora da Fundação Getulio Vargas, 1996.
FERREIRA, M. de M.; FERNANDES, T. M.; ALBERTI, V. (Org). História Oral: desafios para o século XXI. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2000.
FISCHLER, Claude. L’Homnivore. Paris: Éditions Odile Jacob, 1990.
FLANDRIN, Jean Louis. A Distinção pelo Gosto. In: História da Vida Privada: da Renascença ao Século das Luzes. São Paulo: Cia. das Letras, 1991.
FLANDRIN, Jean-Louis & MONTANARI, Massimo. História da Alimentação. São Paulo: Estação Liberdade, 1998.
FRANCATELLI, Charles E. Um Simples Livro de Culinária para as Classes Trabalhadoras. São Paulo; Editora ANGRA, 2001.
FRANCO, Ariovaldo. De caçador a gourmet: uma história da Gastronomia. São Paulo: Editora SENAC, 2001.
FRAZÃO, Márcia. A Panela de Afrodite. Rio de janeiro: Bertrand Brasil, 2000.
FREI BETTO. Comer como um Frade: divinas receitas para quem sabe por que tem um céu na boca. Rio de Janeiro: José Ojympio, 2003.
FREYRE, Gilberto. Açúcar. São Paulo, Companhia das Letras, 1997.
GEERTZ, C. A Interpretação da Cultura. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.
GIARD, L. Cozinhar. In: CERTEAU, M. de. A invenção do cotidiano - morar , cozinhar. Petrópolis, RJ: Vozes, 1996, p.211-332.
GRIECO, A. F. Alimentação e classes sociais no fim da Idade Média e na Renascença. In: FLANDRIN, J.; MONTANARI, M. História da Alimentação. São Paulo: Estação Liberdade, 1998. p. 466-477.
LE GOFF, J. História e Memória. 4 ed. Campinas, SP: Editora da UNICAMP, 1996.
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 1999
HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. São Paulo: Vértice, 1990.
HOBSBAWM, & RANGER, Terence (org.). A invenção das tradições. 2a. ed. Rio de Janeiro: Imago, 1997.
HORTA, Nina. Não é Sopa; Crônicas e Receitas de Comida. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
JACOB, Heinrich E. Seis Mil Anos de Pão: a civilização humana através de seu principal alimento. S. Paulo: Editora Nova Alexandria, 2003.
KURLANSKY, Mark. Sal:Uma História do Mundo. S. Paulo: Editora SENAC, 2004.
JOHNSON, H. A História do Vinho. São Paulo:Companhia das Letras, 1999.
L’Atlas Mondial du Vin. Paris:Editions Robert Laffont, 1985.
LACERDA, Maria Thereza B. Café com Mistura. Curitiba: Imprensa Oficial, 2002.
LEONARDO DA VINCI. Os Cadernos de Cozinha de Leonardo da Vinci. Rio de Janeiro: Record, 2002.
SCHWINDEN, Antônia. Leão Junior S.A. Empresa Centenária. Curitiba: Leão Junior S.A., 2001.
LE GOFF, J. História e memória. 4. Ed. Campinas-SP: Editora da UNICAMP, 1996.
LE GOFF, J. & NORA, P. História, Novos Objetos. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1974.
História, Novos Problemas. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1974.
História, Novas Abordagens. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1974.
LEONARDO, da Vinci. Os cadernos de receitas de Leonardo da Vinci. Rio de Janeiro: Record, 2004.
LINHARES, T. Paraná Vivo: um retrato sem retoques. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1953.
História Econômica do Mate. Rio de Janeiro: José Olympio, 1969.
MAGALHÂES, M. B. Pangermanismo e Nazismo – a trajetória alemã rumo ao Brasil. Campinas, SP: UNICAMP/FAPESP, 1998, p. 19.
MARENCO, Claudine. Manières de table, modèles de moeurs – 17ème/20ème siècle. Cachan: ENS,1992.
MARTINS, W. Um Brasil Diferente - ensaio sobre fenômenos de aculturação no Paraná. São Paulo, T.A. Queiroz, 2 ed., 1989.
MAURIZIO, Adam. Histoire de l’Alimentation végétale depuis la préhistoire jusqu’à nous jours. Paris: Payot, 1932.
MELO, Josimar. Berinjela se escreve com J. São Paulo: DBA, 1999.
A Cerveja. São Paulo: PubliFolha, 2000.
MENESES, U. T. B. & CARNEIRO, H. A História da Alimentação: balizas historiográficas. In: ANAIS DO MUSEU PAULISTA – História e Cultura Material, São Paulo: Nova Série, vol. 5, jan/dez 1997, p. 9-91.
R.C.M. O cozinheiro Imperial. São Paulo; BestSeller, 1996.
RORIZ, R. Cultura e modernidade-mundo. In: _____. R. Mundialização e cultura. São Paulo, Editora Brasiliense, 1994, p. 71-87.
PILLA, Maria Cecília A. A Arte de receber: Distinção e Poder à Boa Mesa (1900-1970). Curitiba, Tese de Doutorado, DEHIS/UFPR, 2004.
PITTE, Jean-Robert. Gastronomie Française: histoire et geographie d’une passion.
Paris, Fayard, 2001.
POLLAK, M. Memória, esquecimento, silêncio. In: ESTUDOS HISTÓRICOS. Rio de Janeiro, vol. 2, n. 3, 1989, p. 3 – 15
Memória e identidade social. In: ESTUDOS HISTÓRICOS. Rio de Janeiro, vol 5, n. 10, 1992, p. 200 - 212
PROUST, M. Em busca do tempo perdido - O tempo redescoberto. 12ª ed. São Paulo: Globo, 1995
Em busca do tempo perdido - O caminho de Swann. 15ª ed. São Paulo: Globo, 1993
QUEIROZ, R. de. O Não Me Deixes – suas histórias e sua cozinha. São Paulo: Siciliano, 2000.
R.C.M. O Cozinheiro Imperial. São Paulo: Best Seller, 1996.
REINHARDT, Juliana. O pão nosso de cada dia: a Padaria América e o pão das gerações curitibanas. Curitiba, 2002. Dissertação (Mestrado em História) – Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes, UFPR.
REVEL, J. Um banquete de palavras – uma história da sensibilidade gastronômica. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
RODRIGUES, A. G. Comida típica - comida ritual. Texto apresentado na 23ª Reunião Brasileira de Antropologia /Gramado-RS. 16-19 de junho de 2002
ROLIM, M. C. M. B. Gosto, prazer e sociabilidade – bares e restaurantes de Curitiba, 1950-1960. Curitiba, 1997. Tese (Doutorado em História) – Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal do Paraná.
ROSS, Ciro B. Eu sou o Chef. Niteroi,RJ: Casa Jorge Editorial, 1996.
SANTOS, A. C. de A. Memórias e Cidade – depoimentos e transformação urbana de Curitiba (1930 – 1990). 2ª ed. Curitiba: Aos Quatro Ventos.
SANTOS, C. R. A. dos. História da Alimentação no Paraná. Curitiba: Fundação Cultural, 1995.
C. R. A. dos. Por uma História da Alimentação. In: HISTÓRIA, QUESTÕES & DEBATES. n. 26/27. Curitiba: APAH, 1997, p. 154-171.
C. R. A. dos. Paraná: Vida Material, Vida Econômica. Curitiba: SEED, 2001.
SANTOS, Sergio de Paula. Vinho e História. S. Paulo,DBA, 1998.
SAUCEDO, Daniele R. Do privado ao público: o universo do restaurante Bolonha. Curitiba: 2002. Dissertação (Mestrado em História)- Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes, UFPR.
SCHINEIDER, Claides. Do cru ao assado: a Festa do Boi Assado no Rolete de Marechal Cândido Rondon. Curitiba: 2002. Dissertação (Mestrado em História) – Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes, UFPR.
SCHLOSSER, Eric. País Fast Food: o lado nocivo da comida americana. São Paulo: Editora Ática, 2001.
SOLE, Orieta del. Nunca Treze à Mesa. São Paulo, Companhia das Letras, 1997.
SPANG, Rebecca L. A Invenção do Restaurante. Rio de Janeiro: Record, 2003.
STEINGARTEN, J. O Homem que comeu de tudo. S. Paulo. Cia. das Letras, 2000.
THOMPSON, P. A transmissão cultural entre gerações dentro das famílias: uma abordagem centrada em histórias de vida. In: CIÊNCIAS SOCIAIS HOJE, ANPOCS, 1993.
_____. A voz do passado – história oral. Rio de Janeiro: Paz e terra, 1992.
URBAN, Raul G. Curitiba: Lares e Bares: viagens pelas histórias e estórias nos dias e noites dos bares e afins de Curitiba. Curitiba, Univer Cidade, 2002.
VICTOR, N. A terra do futuro – impressões do Paraná. Rio de Janeiro: Typ. do “Jornal do Commercio”, de Rodrigues & C, 1913, p. 99
VISSER, Margareth. O ritual do jantar. Rio de Janeiro: Campus, 1998.
WOLKE, Robert L. O que Einstein disse ao seu cozinheiro. Rio de Janeiro: Zahar Ed., 2003.
WOORTMANN, K. A comida, a família e a construção do gênero feminino. In: REVISTA DE CIÊNCIAS SOCIAIS. Rio de Janeiro, vol. 29, n.1, 1986.
|
|